domingo, fevereiro 27, 2005

As palavras que profiro e as pessoas que amo

Peço desculpa por escrever...mas não pude resistir.

Foi o traço...o traço e a sucessão de gestos esculpidos no carvão...ainda que tornados matéria pelo frio...pelo frio binário frio...

...frio mas sempre perfeito, da matemática e dos semi-condutores, da percepção alterada de sinopses, da descarga química manifestada em cristal.

Quem sou eu se não as palavras que profiro e as pessoas que amo ?

Quem sou eu se não a manhã, amanhecida em teu tão sereno rosto a que chamo de Primavera ?

Eu não sou nada...nada...

Zero.

Que sou eu ?

Quem sou eu ?

As palavras que profiro...e as pessoas que amo.

E as palavras que profiro apenas as profiro pelas pessoas que amo, bem como tudo o pouco que construo é um agradecimento, uma oferta pelo amor depositado em mim por quem me vê sereno, apaziguador, diplomata registado sob pseudómino.

Mas quando um dia acordar...quando um dia acordar e perceber que esta vida, as anteriores e as que hão-de vir não passaram de um sonho, de um labirinto de forças, de teias tecidas pela comoção do sentimento...então poderei abrir os olhos.

E quando os abrir a luz será tamanha que a resposta será imediata, intra-sanguínea, de poder divino, asas de memórias desfiladas, eternamente perenes.

Sou luz. Somos luz.

Estou nas constelações. Estás nas constelações. Por isso sou infinito. Por isso somos infinitos. Por isso contemplamos a terrena vida que outrora vivemos, que outrora viveremos.

Onde a calçada dos gigantes encontra o céu e o mar, vértice do universo farei a minha casa e chamá-la-ei...e chamá-la-ei...

Junto ao fruto que permite esta flor renascida, respiração perpassada em plano rebatido.

Sobre a aceitação de realidade, farei a minha casa e chamá-la-ei...chamá-la-ei...

Chamá-la-ei...

Peço desculpa por escrever...mas não pude resistir.

Foi o traço...o traço e a sucessão de gestos esculpidos no carvão...ainda que tornados matéria pelo frio...pelo frio binário frio...

...frio mas sempre perfeito, da matemática e dos semi-condutores, da percepção alterada de sinopses, da descarga química manifestada em cristal.

Quem sou eu se não as palavras que profiro e as pessoas que amo ?

Quem sou eu se não a manhã, amanhecida em teu tão sereno rosto a que chamo de Primavera ?


Queria acabar mas não sei como começar...

Estender a mão e rever a origem.

Contemplar em admiração.

Sentir que o teu coração sente as lágrimas que venho acumulando e que as converterá em sementes...

Sementes sopradas na respiração alada que é a da tua alma, que percorrerão o caminho que só ela conhece, e que sobre a terna imagem do berço da vida as deixará.

Viagem umbilical.

Via Láctea.

IR dimensões.

Nascimento de estrelas.

Queria acabar mas não sei como começar...

Estender a mão e rever a origem.

Contemplar em admiração.

E acreditar.


Eu acredito.
(dedicado a A.S.)

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