Vejo-me a cair, doce, levemente
Vejo-me como se já estivesse fora de mim
Sereno, contemplativo
Caio lentamente mas depressa me afundo
Morosamente arrastado para as profundezas do fogo
Para que das cinzas retorne
Sem nome e sem destino
Sem curiosidade nem hino
Vejo-me a levantar, irado, ferozmente
Vejo-me como se estivesse prestes a reclamar-me
A reclamar o corpo marcado da sina infeliz
Que ser algum ouse levar o que é meu
Erguido expulsando sangue para os canais
Que raiado fique o olhar da vingança
Espumo como cães com cio
Nojenta e barbaramente
Purgo-me do esgoto acumulado em mim
Tenho fé
Fé nas cicatrizes eternas que me amaldiçoam as mãos
Fé que desapareçam de forma rápida e inesperada
Quero as mãos vazias
Desprovidas de esperança ou significado
Obrigadas a rasgarem-se para algo escrever
Tenho fé
Fé que as brumas cheguem cedo
E que cedo me levem para lá.
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
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