terça-feira, fevereiro 28, 2006

Deus é um gambler

Sinto a necessidade de escrever e como em tantas outras vezes sei que já comecei não percebo muito bem qual irá ser o assunto nem mesmo se irá acabar. A verdade é que tudo é muitas vezes deixado em aberto, ao critério de quem lê.

Os dias que correm são diferentes, difusos, dinâmicos, inesperados, incoerentes, introspectivos. Pouco havia para surpreender. Deus é um gambler e não é um gambler qualquer. É do chamado TOP, TOP, TOP! Quem sou eu para o desafiar ou para provar que Deus estava errado ? Deus conhece-me tão bem – penso que bem melhor – do que eu próprio era só jogar as cartas certas.

Sou transparente. O que vês é o que eu sou. Podes ver pouco quiça mesmo nada mas o que vês é o que sou. E o pouco mais que vires é ainda o que eu realmente sou. O que está certo o que está errado? Faço muitas vezes essa pergunta e muitas vezes repito muitas vezes e sinceramente acho que o que falha é o comodismo selvático das pessoas hoje em dia.

Existem dois tipos de pessoas:

As que mudariam tudo em troca de um grande amor e as que não mudariam nada em troca de um grande amor.

Penso que nós que fazemos parte do grupo um estamos em clara minoria e todos contados perfazemos para aí uma décima de percentagem.

O que é necessário para fazer parte do grupo um ?

Para já ter consciência que não se pode pertencer aos dois grupos. Em segundo lugar, perceber que tem que se ser realmente assim para que faça sentido. É como quando uma mulher descansa sobre o nosso peito e imediatamente compreendemos se o encaixe é perfeito ou não.

As escolhas que faço deixam-me nervoso embora naturalmente feliz.

Gostava de ter escrito outro tipo de texto, gostava de ter publicado um decreto-lei de título sugestivo, gostava de agarrar num megafone e gritar ao mundo o que me vai na alma mas tal não é possível.

Eu apenas mostro portas não levo ninguém a atravessá-las.

1 ano é muito tempo.

8 comentários:

Cat disse...

Acredito que somos nós o "gambler" e esse Deus é quem nos estende o pano verde da mesa de jogo.

Jogamos cada vez mais num carrossel de blufs.
O amor parece cada vez mais reduzido a um cenário patético, reduzido a lugar-comum lamechas.

Acabamos todos por ter uma parte de culpa na composição desse requiem ao amor, nessa partitura da vida, em que cada um vai contribuindo com notas soltas, numa cadência louca, sem espaço para grandes pausas que nos deixem escutar a melodia dissonante que se vai construindo e escrevendo, vá lá saber-se em que tom. Sem clave sol (que cada vez nos ilumina menos ou aquece). Sem clave de Fá que nos valha. Mas ainda com alguma Fé no Amor.

Porque há sempre uma mulher que se deixa repousar num peito quente, onde se encaixa e encontra, nesse pele-a-pele que dita mais além do que é apenas carne.

Masca disse...

Não..Deus, para quem acredita como eu, é o gambler e não é um gambler qualquer porque sabe os nossos pontos fortes e fracos melhor que nós próprios e sabe proporcionar ameaças e oportunidades para que nos possamos desenvolver e amadurecer como indivíduos desafiando as nossas inconsistências e padrões comportamentais. Quem somos nós ? "O dado que rola". Nós temos o poder de dizer que queremos 1,2 (...) 6 sabendo que com isso estaremos ou a alterar ou a deixar a nossa vida na mesma. Acredito que à medida que evoluímos vamos conhecendo pessoas que estejam em estágios mais avançados que nós. Algumas já conhecemos e não demos a devida importância ou apenas nos cruzámos sem razão aparente. O meu objectivo nesta vida é aprender o máximo possível sobre tudo o que puder e testar todos os meus dogmas e clichés para que um dia quando encontrar Deus possa dizer: "Take me to the next level" beijinhos Prima ;)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Cat disse...

Eu concordo inteiramente contigo, sobretudo com esse processo de evolução, de aprendizagem e de escolha de caminhos. Apenas a minha fé não se centra num Deus e talvez por isso não o veja como um gambler e a nós como o tal dado que rola. Não acredito em destinos ou em tramas pré-configuradas. Porque se acreditasse, tinha de acreditar que na nossa vida, independentemente dos caminhos escolhidos, o resultado seria sempre o mesmo, como se fossemos marionetas com que alguém se diverte e monta uma peça onde toda a história está já definida, como os seus personagens e suas falas e seus destinos.
Acredito que existem coisas superiores que nos movem e não são as mesmas para cada um de nós. O meu Deus... pode ser a Natureza... ou algo superior que não entendo, explico ou controlo... ou uma fé que encontre num qualquer deus interior que habite em mim... ou nas pessoas que amo e em tudo o que me rodeia.
Admiro essa fé, mas não a tenho. Pelo menos dessa forma.

Masca disse...

Catarina de Mascarenhas, eu não acredito que esteja tudo pré-determinado. Acredito sim que as nossas fragilidades sejam testadas e que seja muito difícil surpreender Deus com a nossa reacção. Para mim Deus, é o criador: como o carpinteiro cria a cadeira, Deus criou as equações e os processos para que, por exemplo, as árvores se desenvolvam e para que possamos estar a ter esta conversa de âmbito meta-físico. É como se Deus fosse uma criança que criou um jogo muito elaborado chamado "Vida" onde nós desempenhamos os nossos papéis. Eu acredito que existe uma equação para toda a opção e caminho que decidamos tomar. A decisão somos nós que a tomamos e ela poderá nos aproximar ou afastar da perfeição, ou seja, vencer o jogo tornando-nos "iguais" a Deus. Só que por vezes é difícil perceber se estamos a "ganhar ou perder pontos" porque quando se fala de Amor a doutrina divirgirá certamente...eu aposto que a perfeição é aceitarmos as nossas imperfeições e não termos medo de amar...mas sei que posso estar completamente errado...

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